sexta-feira, 26 de junho de 2009

O peso que a gente leva...


Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?
As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?
Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.
E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... Hospitais, asilos, internatos...
Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.

Texto retirado do BLOG do Padre Fábio de Melo -http://fabiodemelo.com.br/novo/blog/index.php?cd_fotolog=35

6 comentários:

  1. Oieee...Olha eu aqui no seu blog!!! Estou aprendendo para fazer um bem legal p/ minha escola, me ajuda tá!!! seu blog é tão delicado, amei... só acho que faltou sua foto no perfil, mas aquele anjinho esta uma fofura.

    tchau... bjos

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  2. Amei conhecer o seu blog! Confesso que esta reflexão vai me ajudar e muito, pois costumo carregar muito peso em minhas viagens. Bjs. Elindamar.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Olá, que bom que através do seu blog podemos nos interagir melhor, compartilhar das coisas boas.Quanto a reflexão do padre Fábio de Melo, quanta carima e compreensão de ser humano. (Willan Lopes Gonçalves)

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  5. Gostei de ter visitado o seu blog, através dele podemos nos conhecer melhor ,trocarmos idéias e compartilharmos de coisas tão preciosas como as reflexões do padre Fábio de Melo.(Cáudia Roha da Silva Gomes)

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  6. oiê! adorei seu blog serviu de exemplo para mim pois, costumo carregar a minha casa na bolsa, além de uma série de livro, minha mãe diz que em breve vou ter que usar um carro de feira.
    beijos!

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